No Brasil, o surgimento e desenvolvimento
da publicidade envolvem fatos pitorescos. Como em outras partes do mundo, em
Pindorama era predominantemente oral, com destaque para os pregões dos mascates
e ambulantes.
Segundo Pinho (1998) o primeiro registro oficial de seu emprego é
de meados do século XVI, quando a vila de São Vicente (no atual estado de São
Paulo) decretou uma postura municipal proibindo os comerciantes de falarem mal
dos produtos dos concorrentes. Fonseca (apud Malanga,
1979) relata que, antes de haver jornais no Rio de Janeiro, os anúncios eram
lidos pelos padres nas missas, pregados nas portas das igrejas ou recitados nas
ruas pelos "cegos das folhinhas" (só os cegos anunciavam nas ruas e
podiam vender folhinhas).
Com
a vinda da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, foi fundada a
Impressão Régia, que passou a publicar o primeiro jornal do país, a Gazeta do
Rio de Janeiro. Concomitantemente, era fundado em Londres, por Hipólito da
Costa, o Correio Braziliense, que circulou clandestinamente no Brasil até 1822.
Com a
Gazeta vieram os primeiros anúncios, que inicialmente não eram cobrados.
Segundo Pinho (1998), em geral anunciavam-se imóveis, leilões de tecidos e solicitação de serviços. O grande filão daquele século, porém, revela mais um detalhe pitoresco na história da publicidade brasileira: até 1888 foram publicados cerca de um milhão de anúncios de escravos (venda e proclamação de fuga) nos jornais do Rio de Janeiro (Fonseca apud Pinho, 1998)[1].
Nessa primeira fase, a publicidade era
bastante rudimentar em seu aspecto estético, tanto textual quanto visual. Os
reclames limitavam-se a informar a disponibilidade de bens e serviços, não
tinham a menor preocupação em atrair a atenção dos leitores.
Apenas com o fortalecimento de uma incipiente classe industrial e mercantil, no final do século XIX, é que a concorrência impulsionou a modernização das práticas comerciais, exigindo a elaboração de peças publicitárias mais ousadas.
Em 1875,
surgiram os primeiros anúncios ilustrados e, em 1896, o primeiro anúncio em
duas cores (Figueiredo, 1976). Os "publicitários" dessa época eram
artistas, escritores renomados e poetas, que criavam "quadrinhas"
para os produtos, cheias de rimas e graças. Isso foi o início do tom
irreverente que até hoje marca a publicidade brasileira (Pinho, 1998). Segue um
anúncio da época, veiculado nos bondes:
[1] FONSECA. Gondím da. Biografia do jornalismo carioca. Rio de Janeíro: Quaresma, 1941. citado por Pinho (1998).
Exercício para casa:
Procure
anúncios irreverentes "ilustrados" dessa época e poste no blog fazendo
um comentário a respeito. lembre-se nesta época não tínhamos foto nos
anuncios e eles não tinham cores (raríssimos eram coloridos à mão ou em 1
cor)
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